segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Livros sujos e maculados

O bibliófilo Richard de Bury (1287-1345), bispo e diplomata, escreveu em seu Philobiblon (Ateliê Editorial, 2004) que sua fama de amante dos livros era tão grande que, quando alguém lhe queria  presentear, nem pensava em dinheiro ou joias, mas em "caenulenti quaterni ac decrepiti codices". E o homem vibrava com esses "cadernos imundos e manuscritos decrépitos", onde encontrava beleza e sabedoria.

Mutatis mutandis, é o que acontece quando entramos em sebos e deparamos com livros sujos e maculados, mas nos quais ainda vibram a poesia, a verdade, a intuição, ou até mesmo tiradas de humor e manifestações de bom-senso, que também são coisas preciosas.

A passagem do tempo castiga os livros, sobretudo quando os que estão perto deles não cuidam, não valorizam aqueles bens. Mas para quem conhece o poder terapêutico da leitura é um lufada de ar puro, é um bálsamo, um lenitivo encontrar obras que, cheirando mal ou caindo aos pedaços, guardam ainda sinais de sensibilidade e inteligência.

Um comentário:

  1. Gosto do cheiro de livro velho, tanto quanto do novo. Mas o velho tem mais efeito "terapêutico".

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