sábado, 1 de maio de 2010

Erasmo sem nenhum marasmo

Terapêutico é encontrar um autor com o qual nos identifiquemos, tanto no que diz respeito aos seus textos como no que se sabe de sua vida. Tenho antiga identificação com Erasmo de Rotterdam (1466-1536).

O meu livro Elogio da leitura é uma homenagem (um plágio criativo) ao seu Elogio da loucura. Sinto-me atraído por sua maneira tolerante de ser em meio às tensões intelectuais da época. Imagino ter um pouco do seu espírito. E algumas coincidências são interessantes. Ele foi revisor e tradutor. Eu também. Ele vivia a religião do livro. Eu também. Ele era professor para sobreviver. Eu também.

Erasmo nasceu em 1466, às vésperas de um 1500 cheio de fantásticas e terríveis mudanças; eu nasci em 1962, às vésperas de um 2000 igualmente fantástico e terrível. (Morrerei, então, em 2032, quando tiver os mesmos 70 anos de idade com que partiu desta vida o humanista Erasmo?)

Estou lendo Erasmo de Rotterdam: triunfo e tragédia de um humanista, de Stefan Zweig. Conta-nos Zweig que seu biografado era um ardente e fiel amante dos livros, entre outras razões porque eles não são barulhentos ou violentos.

De fato, a terapia literária é silenciosa. O silêncio livral (que nos livra de tantas prisões) acaba com nossos tédios e marasmos. Silêncio repleto de palavras...

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