Todo medo se cura quando se perde o medo do conhecimento — conhecer as horas e suas vírgulas, conhecer as notas musicais, conhecer o pulo do gato e o gosto do vinho, conhecer o tamanho da queda, conhecer as pedras do caminho, conhecer o medo que o prepotente tem de ter dor de dente como qualquer um pode ter um dia... conhecer, em suma, que tudo tem cura.
Até mesmo tem cura aquele medo profundo que há em todo mundo, o medo da coisa mais impura, da mais insana loucura, da mais escura tontura, da mais agoniante afogadura, de tudo o que é censura, baixura, queimadura, medo de tortura, tesoura abrindo a alma da nuca à cintura. Até mesmo tem cura esse medo de tamanha tremedura.
Medo se cura com conhecimento do medo, conhecimento do próprio abatimento, conhecimento do açoitamento, de cada momento da vida em seu doloroso andamento, conhecimento das artimanhas, das ciladas, de tudo o que se esconde no quase nada, conhecimento dos outros e, sobretudo, desse outro em que mora o medo, e esse outro sou eu mesmo.
Olá professor,
ResponderExcluirlindo texto!
Fez-me lembrar desta canção 'Medo" interpretada por Lenine e Julieta Venegas "me dá medo do medo que dá"
http://www.youtube.com/watch?v=Q3NDSAxq5-M
Abraço.