Amar os livros é uma terapia. (Qualquer amor verdadeiro é uma verdadeira terapia...) Mas o amor aos livros é especialmente terapêutico por ser um amor a tudo quanto é livro, um amor geral, infinito, generoso.
Há um conto de William Saroyan (1908-1981), Um dia frio, publicado no livro O jovem audaz no trapézio voador e outras histórias (Paz e Terra, 2004), em que o personagem conta o frio que sentia em San Francisco, e que estava tentando escrever apesar do frio, os dedos congelando. Um escritor pobre, sentindo um frio danado, sem aquecedor.
E então lhe surge a ideia de queimar meia dúzia dos seus livros para esquentar o quarto. E começa a procurar alguns livros na sua biblioteca de quinhentos títulos. E não tem coragem de queimar nenhum. Nem mesmo os de ficção barata. Nem mesmo uma obra de anatomia, em alemão, língua que ele não entende, mas a verdade é a seguinte: "se você tem qualquer respeito pela mera ideia de livros, pelo que eles significam, se você acredita em papel e impressão, não pode queimar qualquer página de qualquer livro."
E este amor que não consegue destruir nem mesmo os livros inúteis... é um belo amor, um amor terapêutico. Queimar os livros é uma forma de queimar pessoas. Nenhuma pessoa deve ser destruída. Nenhum livro deve ser destruído...
Fiquei aqui matutando... não suportaria ver alguém jogando um livro na fogueira... Ideia genial para um conto; o amor aos livros é mesmo avassalador para quem não consegue viver sem eles.
ResponderExcluirAbraços
essa estória me intrigou e me instigou a comprar esse livro.
ResponderExcluirgrata pela dica. muito bom o seu sítio.
abs