quinta-feira, 1 de julho de 2010

O impossível fogo para os livros

Amar os livros é uma terapia. (Qualquer amor verdadeiro é uma verdadeira terapia...) Mas o amor aos livros é especialmente terapêutico por ser um amor a tudo quanto é livro, um amor geral, infinito, generoso.

Há um conto de William Saroyan (1908-1981), Um dia frio, publicado no livro O jovem audaz no trapézio voador e outras histórias (Paz e Terra, 2004), em que o personagem conta o frio que sentia em San Francisco, e que estava tentando escrever apesar do frio, os dedos congelando. Um escritor pobre, sentindo um frio danado, sem aquecedor.

E então lhe surge a ideia de queimar meia dúzia dos seus livros para esquentar o quarto. E começa a procurar alguns livros na sua biblioteca de quinhentos títulos. E não tem coragem de queimar nenhum. Nem mesmo os de ficção barata. Nem mesmo uma obra de anatomia, em alemão, língua que ele não entende, mas a verdade é a seguinte: "se você tem qualquer respeito pela mera ideia de livros, pelo que eles significam, se você acredita em papel e impressão, não pode queimar qualquer página de qualquer livro."

E este amor que não consegue destruir nem mesmo os livros inúteis... é um belo amor, um amor terapêutico. Queimar os livros é uma forma de queimar pessoas. Nenhuma pessoa deve ser destruída. Nenhum livro deve ser destruído...

2 comentários:

  1. Fiquei aqui matutando... não suportaria ver alguém jogando um livro na fogueira... Ideia genial para um conto; o amor aos livros é mesmo avassalador para quem não consegue viver sem eles.
    Abraços

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  2. essa estória me intrigou e me instigou a comprar esse livro.
    grata pela dica. muito bom o seu sítio.
    abs

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