sábado, 31 de julho de 2010

Terapia sine die

Terapia sine die.
Terapia noite e dia.
Terapia nunca termina.
Terapia não tem cópia.
Terapia com utopia.
Terapia literária.

Esta é a última postagem de uma experiência de oito meses blogando sobre livros, autores, descobertas biblioterápicas. O conteúdo ficará disponível aqui, mas também no meu site.

Abraços a todos e, sempre, muitas leituras!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Paradoxos terapêuticos

Há vários anos, volta e meia, retorno às páginas de G. K. Chesterton (1874-1936). Autor de paradoxos, como este: "Talvez não exista nenhuma outra coisa de que extraímos menos verdade do que os truísmos; em especial quando eles são realmente verdadeiros." (O homem eterno, pág. 138)

O paradoxo quebra nossos paradogmas. O paradoxo é uma verdade que entra em nossa mente por uma janela diferente. O paradoxo não nos deixa parados. Por isso é terapêutico.

Referindo-se ao Império Romano, escreve: "De fato nas aparências o mundo antigo ainda estava no auge de sua força: é sempre nesse momento que a fraqueza mais profunda se instala." (O homem eterno, pág. 222)

Estou citando livro recentemente publicado pela Mundo Cristão, em cuja capa aparece o oito do infinito: O homem eterno. Tradução muito boa, aliás, garantindo a fluidez do estilo chestertoniano.

domingo, 25 de julho de 2010

Dia do Escritor

25 de julho foi definido como Dia Nacional do Escritor por decreto governamental, em 1960, após o sucesso do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado naquele ano pela União Brasileira de Escritores, por iniciativa de seu presidente, João Peregrino Júnior, e de seu vice-presidente, Jorge Amado.

Passei o Dia do Escritor... escrevendo! Nada mais apropriado e terapêutico. Atualizei blog etimológico, revisei, traduzi, e li também, textos próprios e alheios. Os próprios, como se fossem alheios. E os alheios... como se fossem próprios.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Os normalpatas...

Há pessoas que vivem num ambiente tão normal... tão certinho... que terminam se tornando normalpatas!

Corrida selvagem, de J. G. Ballard (José Olympio Editora, 2009), relata um caso desses, em que os filhos normais, felizes (artificialmente felizes), bons cidadãos, bons leitores, bons esportistas, bons alunos... terminam por se tornar o contrário do que seus pais, tão amorosamente controladores, esperavam.

Tão... tão perfeitos, tão vigiados, tão acompanhados, tão encorajados, vítimas da compreensão e da tolerância!

Alerta! Uma idealização educacional pode sufocar a autoexpressão. Na história, um livro de Piaget aparece mutilado.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Marteladas filosóficas

Há momentos em que um pouco de iconoclastia não faz mal. Good bye, Platón, de Josep Muñoz Redón, é filosofia com marteladas. Um passeio entre pensadores de todos os tempos e estilos, conversando com um e com outro sobre os estilhaços, os fragmentos, os restos.

Em situações de ausência (sem Deus, sem trabalho, sem alma, sem corpo, sem esperança, sem sexo, sem dinheiro, sem poder...), o que pensa quem continua a pensar?

Pois este pensar é terapêutico. E ficar lendo-pensando, em solidão, sem nada. Aquela velha pergunta, lembram-se? Que livro gostaria de ter em mãos se você se visse, de repente, numa ilha deserta? Diferentes náufragos deram diferentes respostas:
  • Chesterton falou em um manual que ensinasse a construir botes.
  • Roland Barthes lembrou-se de Robinson Crusoé... talvez para não repetir as ações do protagonista.
  • Umberto Eco disse que levaria a lista telefônica, para inventar milhões de histórias com todos aqueles nomes.
Eu estou pensando em levar este livro, A ilha deserta, de Deleuze...


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Problemas monstruosos... ou apetitosos!

O filme Onde vivem os monstros (2009) expande a história do livro de Maurice Sendak (publicado pela  Cosac Naify, 2009). Numa certa altura do filme, Judith, uma bela monstra, faz a afirmação terapêutica:

You know what I say, if you've got a problem? Eat it!

Mais terapêutico impossível. Se você tem um problema, coma-o! Contar histórias conduz Max, o menino protagonista, ao conhecimento dos conflitos humanos: ciúmes, solidão, amor, medos, raiva, tudo junto. Coma-os!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ler o nosso pai...

Minha esposa, Ana Lasevicius, dirigiu, participou e editou esta notícia terapêutica. Apreciem!

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O livro em questão é de Humberto Werneck (1945 - ), jornalista e escritor mineiro.


Terapia econômica

"A literatura é uma terapia muito econômica, sobretudo se considerarmos a possibilidade de utilizar nossas bibliotecas. Além do mais, como existem milhares de livros, nós não somos obrigados a tomar nenhum remédio até o fim. Se acontecer a síndrome da página 3 ou 21, uma sonolência repentina, uma dificuldade de concentrar a atenção, basta deixar este livro de lado e buscar outro. Não há por que fazer do prazer um sacríficio."

Angela-Lago (1945 - ), escritora e ilustradora.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pensamento terapêutico do dia

"A leitura faz bem à saúde."


Escritora Cristina Norton (1948 - ), autora de vários livros, dentre os quais: Menina modelo, Crimes de mulheres e A casa do sal.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Descobrir um autor

Descobrir, retirar o que encobre, levantar a pedra e encontrar o formigueiro, entrar num sebo e escavar, abrir um livro, ou descobrir um autor entre milhares... tudo isso é animador, faz pensar, é terapêutico.

Max Stirner (1806-1856) eu não conhecia, embora tivesse um livro dele perdido entre minhas estantes: O falso princípio da nossa educação (Editora Imaginária, 2001). Insatisfeito com os modelos educacionais vigentes em sua época, propõe que o Saber morra e ressuscite como Vontade, e esteja a serviço da personalidade criativa de cada indivíduo.

O livro que fundamenta suas ideias é O único e a sua propriedade, publicado em 2009 pela Martins Fontes. Acusam-no de niilismo, de um egotismo exacerbado. Nietzsche inspirou-se nele. Não precisamos desprezá-lo nem idolatrá-lo. Sorver de suas ideias o que nos ajude a "tocar" a vida. A vida intangível. Projetar e projetar-se. Se há o não verdadeiro (das Unwahre) com relação à educação, é porque temos o dever de encontrar o princípio verdadeiro...

sábado, 3 de julho de 2010

Ir fundo!

Terapia leva à ação. O otimismo não se faz apenas com palavras, mas também com ações eloquentes. A linguagem dos fatos. Os gestos que se tornem fatos, e fatos que afetem. O afeto precisa de palavras. E de atos concretos.

É preciso ir fundo. Gary Vaynerchuk é quem diz, em seu livro — Vai fundo! (Agir, 2010). Acreditei no autor quando ele deixou bem claro que na vida de um empreendedor da Idade Mídia a família vem em primeiro lugar. Depois vem a batalha profissional. E essa batalha, realista e entusiasmada, deve basear-se no autoconhecimento e na busca do melhor. Gostei. O autor manda uma mensagem para o Brasil.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O impossível fogo para os livros

Amar os livros é uma terapia. (Qualquer amor verdadeiro é uma verdadeira terapia...) Mas o amor aos livros é especialmente terapêutico por ser um amor a tudo quanto é livro, um amor geral, infinito, generoso.

Há um conto de William Saroyan (1908-1981), Um dia frio, publicado no livro O jovem audaz no trapézio voador e outras histórias (Paz e Terra, 2004), em que o personagem conta o frio que sentia em San Francisco, e que estava tentando escrever apesar do frio, os dedos congelando. Um escritor pobre, sentindo um frio danado, sem aquecedor.

E então lhe surge a ideia de queimar meia dúzia dos seus livros para esquentar o quarto. E começa a procurar alguns livros na sua biblioteca de quinhentos títulos. E não tem coragem de queimar nenhum. Nem mesmo os de ficção barata. Nem mesmo uma obra de anatomia, em alemão, língua que ele não entende, mas a verdade é a seguinte: "se você tem qualquer respeito pela mera ideia de livros, pelo que eles significam, se você acredita em papel e impressão, não pode queimar qualquer página de qualquer livro."

E este amor que não consegue destruir nem mesmo os livros inúteis... é um belo amor, um amor terapêutico. Queimar os livros é uma forma de queimar pessoas. Nenhuma pessoa deve ser destruída. Nenhum livro deve ser destruído...