domingo, 28 de fevereiro de 2010

Realidade cura?

Estou lendo homeopaticamente o livro Reality Therapy, de William Glasser, uma nova abordagem psiquiátrica. Sua proposta é que devemos nos preocupar menos com os traumas do passado e as insídias do inconsciente, concentrando-nos em dar conta de nossas legítimas necessidades psicológicas e espirituais.

O ser humano enlouquece, perde o rumo, desumaniza-se, quando não satisfaz duas necessidades fundamentais: amar/ser amado e respeitar-se/ser respeitado.

Glasser desaprova os rótulos "neurótico", "psicótico" etc. Antes de encerrar alguém na jaula de sua doença mental, devemos descobrir como essa pessoa foi irresponsável o bastante para não satisfazer aquelas duas importantíssimas e realíssimas necessidades.

É responsável, afirma o autor, quem se empenha em amar e respeitar-se. Mais ainda. A responsabilidade faz os outros verem o quanto somos amáveis e respeitáveis.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Venceu o entretenimento puro e simples?

Nada contra o entretenimento. A mente exausta necessita. O corpo cansado precisa. Mas às vezes eu me lembro de ter ouvido alguém afirmar, com tristeza: "É... o entretenimento venceu."

E a charge de Verissimo publicada no Estado de S.Paulo de domingo passado, dia 21 de fevereiro, me fez rir desta triste vitória:

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A contribuição única

A antropóloga francesa Michèle Petit escreveu um livro sobre terapia literária, sobre a arte de resistir à adversidade, à falta de sentido, ao sofrimento.

A arte de ler, pela Editora 34. Lançado na França em 2008. A edição brasileira é de 2009.

Numa passagem, a autora se refere àquele olhar petrificado, o olhar perdido em horror no rosto de pessoas traumatizadas. O olhar de pedra. Fixo. Esquivo. Perplexo. Vazio. Colado a um ponto de dor. Jogado no abismo. Inundado de trevas. Queimado e cego.
A literatura pode tocar esse olhar, humanizá-lo, curá-lo. Uma história pode despertar o olhar paralisado, e que ele vislumbre novos caminhos e sentidos, novas saídas, outras possibilidades.

Leio na página 22 a respeito da "contribuição única da literatura e da arte para a atividade psíquica. Para a vida, em suma."

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Leitura na prisão

Sabemos que ler é uma das melhores formas de fazer o tempo passar. Entramos no não tempo da leitura, relativizando relógios e calendários. Por isso eu compreendo que o político José Roberto Arruda (sem partido) esteja, na prisão, dedicando-se à leitura para passar o tempo.

Minha curiosidade: que livros estará lendo? E serão livros que o ajudarão a pensar na vida? Em si mesmo? No papel que os políticos devem exercer em suas funções de serviço ao país? Estará fazendo biblioterapia o nobre governador?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Leituras carnavalescas

A leitura é o meu carnaval. No carnaval da leitura eu pulo a noite inteira, vou ao desfile dos autores, faço das páginas meu enredo, e nelas faço meu samba, e com elas faço a minha bateria, o meu batuque.

A leitura é a minha fantasia. Meu baile de máscaras, minha chuva de confete e serpentina. Na leitura em clima de carnaval faço com alegria a minha terapia existencial, meu contato com o bem e o mal.

Na Quarta-feira de Cinzas, os olhos inchados de tanto ler, vou me lembrar que do pó da terra eu vim, e a esse pó voltarei um dia. Que a terra seja leve para quem acreditou nos livros. Jejum, quaresma, temperança...

Antes do rito purificador, porém, é só carnaval. Orgia com as palavras, bebendo literatura até cair, gandaia, farra, folguedo, folia, folheando sem parar os mais diferentes livros. Sou carnavalesco na prosa e na poesia!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Ler para acordar

Ler para dormir ou para acordar? A leitura pode levar ao sono, se o leitor estiver muito cansado. Mas pode acordá-lo também. Pode despertar sua alma.

Terminei de ler Reading Jesus, de Mary Gordon (Pantheon Books, 2009). Estava precisando de um livro assim, que mostrasse os Evangelhos do ponto de vista de uma escritora. Bem interessante.

Não há questionamentos sobre a historicidade dos textos, porque textos, do ponto de vista do escritor, são sempre verdadeiros. Sua visão é literária, e por isso extremamente realista. As palavras são palavras. Quando Jesus diz, na cruz, "tenho sede", é de sede que se trata, literalmente, ainda que nunca possamos descartar os desdobramentos metafóricos e simbólicos.

E já comecei outro, The element, de Ken Robinson (Random House Mondadori, 2009), sobre a descoberta da paixão, condição necessária para dar sentido à vida.

Se eu quiser manter-me acordado, preciso agora criar uma conexão entre esses dois livros. E, na medida do possível, entre outros que já tenha lido. Tenho sede de livros. A minha paixão, a minha via crucis, para que tudo, mesmo consumido, seja consumado.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sabores terapêuticos

Uma boa alimentação deve nos fazer experimentar o doce, o salgado, o amargo, o azedo, o picante. A leitura também é fonte e ocasião de experiências assim.

Um texto doce, um poema salgado, um conto amargo, um romance azedo, uma novela picante...

Ampliando nossa capacidade de degustar, com sorriso ou cara feia, o perigoso viver.